In Textos

Segunda Feira, Outubro de 2016


Dizem as estatísticas que se você tem uma amizade com duração superior a 5 anos, é provável que essa amizade vá durar para sempre. Eu costumava acreditar nisso, até porque tenho amigos que estão comigo desde que me percebi nesse mundo. Mas de uns tempos pra cá, não sei exatamente se a afirmação é verdadeira.

Lidar com gente, no geral, é muito difícil. Pois pessoas são diferentes, tem pensamentos, gostos, percepções de mundo e tudo mais, de uma forma diferente da nossa. Mas mesmo nessa infinidade de diferenças, nós conseguimos encontrar algumas pessoas que conseguem ter uma certa compatibilidade conosco. E são essas pessoas que nós chamamos de amigos. São essas pessoas que nós escolhemos para dividirem com a gente os momentos tristes e felizes, que procuramos quando precisamos de ajuda ou que quando elas precisam, largamos tudo pra ajudar. Ou, teoricamente, era pra ser assim.

Porém, nossa vida não é resumida somente aos amigos próximos – ou melhores amigos – mas também conhecemos outras pessoas. Algumas delas são passageiras, outras acabam sendo amigos do dia a dia e que podem vir a se tornar alguém com quem você queira dividir mais do que um horário de almoço. E isso não é problema, quanto mais amigos tiver, melhor. O problema é quando a gente sofre grande influência desses amigos e acaba por tomar atitudes que possam vir afastar àqueles de longa data. Isso sim é complicado!

E muitas vezes isso acontece por coisas corriqueiras, por motivos banais. Uma palavra dita na hora errada, um sentimento interpretado de maneira errônea, e ai, quando a gente procura aquele amigo que divide o almoço de todo dia, mas não conhece nossos pormenores, podemos ouvir conselhos que talvez possam vir a colocar tudo a perder. Mas ai alguém pode dizer: “ah, mas amigo de verdade, aquele amigo de longa data, vai entender seu momento e vai perdoar.” E eu concordo, eu acho. Só que existem palavras que são ditas no calor do momento que não podem ser apagadas.

Eu entendo que a vida muda a gente. Que não posso achar que aquela pessoa que brincava comigo há 13 anos será a mesma de hoje. Porém, eu acredito que existam certas coisas que não mudam, mesmo que a vida mude a gente. Eu por exemplo, passei por diversas coisas. Diversas coisas que mudaram meu jeito de ser e meu jeito de ver o mundo. E meus amigos se adaptaram comigo para continuarmos juntos. Eles estiveram lá pra segurar minha mão quando ficou difícil e não soltaram. Então, entendo eu, que por mais que a vida tenha me mudado, o meu relacionamento com eles não pode mudar o foco: de que somos amigos apesar de. E é esse sentimento que tenho com relação a eles também. E dói muito quando aquela pessoa que cresceu com você começa a se tornar um estranho.

E isso acontece, muitas vezes, por uma falta de comunicação, por falta de sinceridade, por achar que o outro pode nos achar ridículos. E vamos nos afastando. Vamos tentando substituir amigos de longa data por aqueles que chegaram agora, sem levar em conta tudo que já dividimos. As conversas vão diminuindo, os encontros vão se tornando cada vez mais distantes, até que as únicas comunicações que restarão, serão fotos antigas e dizeres prontos de aniversário no Facebook.

Eu tenho um sério problema em largar amigos pra lá. Tenho uma dificuldade enorme em não resolver problemas com eles, porque entendo que amizades não são descartáveis. E por mais que muitas vezes eu fique chateada com algumas palavras, comportamentos, atitudes, eu prezo por consertar. No fundo, eu gostaria que as outras pessoas também sentissem isso, que aquela amiga que tá dizendo que está muito atarefada pra ficar lidando com bobeiras entendesse que é mais fácil sentar e conversar tudo de uma vez do que deixar pra lá. Do que deixar morrer. Eu não sei deixar uma amizade morrer. Não sei a deixar ir, porque no fundo, tem tanta coisa nova que vai surgir na minha vida em pouco tempo, e eu quero que ela esteja lá. Porque ela dividiu todas as minhas trajetórias comigo, ela atendeu minhas ligações na madrugada e chorou comigo. Não acho justo deixa-la ir, quando preciso que ela divida comigo a parte feliz, quando preciso ver a parte feliz dela também. Talvez isso seja egoísmo meu, mas é isso que tá gritando aqui dentro. É isso que tá gritando, e ela não quer ouvir.

- Lu

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