In Textos

Uma carta de Amor


Oi, mamãe.

Como estão as coisas, tudo bem? Nessa semana que passou, fez 14 anos que você
se foi e mesmo assim ainda dói.

Todos os dias, em algum momento, desejo que você estivesse aqui para comemorar as pequenas vitórias, ou chorar no seu colo as pequenas (ou grandes) derrotas, desilusões ou tristeza, ou mesmo pra jogar conversa fora. Você se foi muito rápido, não me deu tempo de entender que eu poderia compartilhar tudo com você, porque o seu colo era abrigo.

Queria te dizer que acredito que as coisas por aqui não saíram conforme você planejou. Muita coisa mudou, muita gente mudou, e mesmo depois de tanto tempo, as pancadas da vida vem de onde a gente menos espera (ou talvez do lugar de onde nunca deveriam vir). Queria te dizer que os últimos meses foram os mais solitários que tive desde que você se foi e que foram os momentos em que eu mais precisei que você não tivesse ido. Foram nesses meses que eu entendi que eu deveria ser forte, levantar e seguir em frente, mesmo com dor. Porque nunca vai ser fácil e eu preciso estar pronta pra seguir, seja sozinha ou não.

Mas calma, não fique tão preocupada. Queria te contar também que muitas coisas boas aconteceram! Queria te dizer que nessa mudança louca que mais uma vez foi a minha vida, eu encontrei amor e família. Que Deus foi cuidadoso comigo, dando-me exatamente aquilo que eu precisava pra não esmorecer. E, mãe, tenho certeza que nesse cuidado Dele tem as suas inúmeras orações. E, apesar de não ter você aqui, eu tenho alguém que cuida de mim, dá colo, carinho e ouvido do jeitinho que eu sei que você faria. E sinto um gostinho de como poderia ter sido. E sou grata! Tenho irmãs, uma sobrinha linda e o irmão que você escolheu pra mim, apesar de não estar tão perto quanto gostaria, se faz presente de todos os modos, e foi o melhor presente que você poderia ter me deixado.

Mamãe, tive grandes conquistas. Tô formada, ganhei amigos, família e o amor. Esse último foi complicado, muita gente não entende, mas queria que você tivesse a oportunidade de conhecê-lo. Principalmente, através dos meus olhos que enxergam tanta beleza e tem tanto amor que nem sei... Não vou mentir, muitas vezes tem sido difícil e são nessas horas que queria sentar com você pra perguntar o que e como fazer. Sem olhares julgadores, comentários irônicos ou o “desiste que é mais fácil”. Mas sim, com amor pra me ajudar a arranjar uma solução para momentos em que tudo fica tão complicado. São momentos como esse que a saudade lateja de um modo que dói até a alma.

Pra encerrar, queria te dizer que apesar dos dias difíceis e da saudade que sempre está presente, eu estou bem. Cresci e tenho me tornado uma pessoa de bem. Muitas vezes não sou a exata pessoa que gostaria, mas tenho tentado chegar lá. Carrego você pra onde eu for, acreditando que de algum modo, está comigo em todos os lugares. Queria te contar que além do coração, agora te carrego na pele. E que apesar de ter passado grande parte da minha vida tentando esconder você e a dor por ter ido, hoje não tenho receio em contar. Inclusive, fizeram a pergunta se você havia gostado, e eu ri. Ri porque racionalmente nunca poderei saber, mas no meu coração, foi o melhor meio de mostrar você pro mundo.

Mãe, “se eu vivesse mil vidas nesse mundo, não seria o bastante pra te amar”. Dá um beijo na vovó e no vovô por mim.

Com amor e saudade,

Lu.

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